:: Ilustração e texto por Waldo Dalvi - 2009.
Está acontecendo uma ação de, digamos assim: “despoluição visual” promovida pela prefeitura de Vila Velha que pretende, além de regularizar a situação de empresas e pontos publicidade em vias públicas; notificar e punir infratores; remover placas e outdoors irregulares e promover a padronização de anúncios e letreiros para todos estabelecimentos comerciais por aqui.
A ação em si, que acho válida (risos!), ainda está sendo questionada, principalmente pelas empresas de publicidade, mas o caso é que essa confusão toda serviu para levantar umas questões que já venho refletindo há algum tempo sobre o papel do design na sociedade.
Saímos das faculdades prontos para entupirmos o mundo com nossas idéias multicoloridas construídas, impressas ou representadas em papel, vinil, embalagens, luminosos, eletrônicos, cyber espaços, muros, objetos, afins e ainda em outros tipos de suportes que puder lembrar.
Sei que existem estudos que promovem o design sustentável (Eco Design) em diversas áreas, tanto para escolha e aproveitamento de materiais, como para melhor aproveitamento de processos em toda sua cadeia de produção, vida útil e posterior descarte. Aliás, deveríamos ter nos preocupado com isso desde sempre!
Mesmo assim, nós designers, não conseguimos encontrar a resposta para uma questão básica, o consumo!
Pois, em minha singela opinião, estamos envolvidos diretamente com essa questão e por conta disso deveríamos não só nos preocupar (muito!) com isso, mas sim buscar soluções. Aí entra outra questão, vejo que as possibilidades de soluções não tem a ver com “desenvolvimento de projetos” (produtos ou gráficos) propriamente dito (isso viria depois) e sim com desenvolvimento de novos (ou antigos) hábitos, de estilo de vida (bem estar), políticas sociais e globais humanas, fraternidade – é isso mesmo que eu falei, Fraternidade!
Nesse mundo em que vivemos temos que vender e, conseqüentemente, comprar, sempre! Nada é feito para durar e sim para ser substituído (logo!), reposto, trocado por algo mais moderno, mas estamos sendo tão cínicos que, a cada momento, surge uma legião de pessoas que tenho chamado carinhosamente de “ecobobos” ou, se preferirem, “os ecochatos” que pregam para todos um estilo de vida politicamente correto, onde tudo o que fazem são ações sustentáveis e, acreditando cegamente nisso, acham que fechando a torneira para escovar os dentes, separando o seu lixo, usando sacolas próprias para fazer compras, ou ainda os mais radicais, usando roupas de cânhamo feitas artesanalmente estarão contribuindo para um mundo melhor, menos poluído, e mais, acreditam ainda que seu “estilo de vida” pode tocar seu próximo e levá-lo a conscientizar-se adotando tais hábitos nobres!
Desculpe informar, mas enquanto precisarmos vender e comprar nada disso adiantará, nada disso salvará o mundo, nem ao menos retardará esse processo em ascensão, mesmo acredito que hábitos nobres sempre serão válidos devemos pensar e lançar nossas forças e focar em soluções efetivas, sem cinismo ou demagogias, ok!
E, para finalizar, não pensem que sou pessimista ou não acredite em soluções para todas essas questões, saibam que acredito - e muito!” Mas para isso devemos todos, de forma verdadeira e criativa, encararmos esse grande dilema a nossa frente, certamente teremos que abrir mãos de muitas coisas pensando em um benefício maior, teremos que pensar MUITO no próximo, pois essa sim deverá ser a nossa nova moeda (lembram da tal fraternidade de que falei?).
Designers, engajamento é preciso e podemos utilizar uma frase que fez muito sentido para mim hoje: “a lógica nos leva do ponto A ao ponto B e só a criatividade nos leva pra onde quisermos”.
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